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Português

REAPRENDENDO

Me dê a honra do teu sol
porque acendestes
da terra até o céu
uma chama que dança dentro,
e respira igual à luz da manhã.
Louca...
que de tão louca
tem sabor de pecado escondendo segredos.
Me dê o mistério
que penetra nas coisas e em mim
fechando-me os olhos, quase sonho,
com gemido de dor
necessária e imprevista
como o fogo
quando depois de ter esperado
mil anos por detrás do encanto
encontra a sua identidade.
Onde posso pousar a angústia
que mora dentro de mim
se me vens assim
tão próximo à realidade
liberando nas minhas noites
a respiração
que respeita o teu silencio?
Eu tinha aprendido
a olhar as paredes.
a observar os mesmos lugares
que se levantam
contra o vento.
E eu entendia a dor das almas
que se escondiam
e encontravam a si mesmas
somente em frente ao espelho
ou na respiração íntima
do galope que voa.
Mas a parte mais central e difícil
ficou no corpo, na carne e no peito
como um rio que eu nunca tive.
Por favor, me doe alguma coisa
que me permita viver sem ti.
Porque criastes o meu delírio
e inventastes uma saudade
que não pode esperar.

NOTURNO

Teu olhar dói
em mim
porque muda
todas as coisas.
Dentro da minha retina noturna,
o meu sonho de te ancorar
em qualquer coisa que se abra
livre e fecunda
como a eternidade
de um mesmo andar.
Sou a tua luz na longa noite
queimando uma vida cega
que não quer ser sonho,
que não pode ser mar.
E' um sentir que faz parte...
moinhos girando,
loucura de mãos....
Te amar...Juntos...Nós...
Parindo gritos,
asas doendo,
tudo de dentro
perfeito e real.
Mas está doendo...
Dói muito a insônia do caminho,
tua mão devolvendo o ninho
fera divina,
paixão em mim...
Dentro da noite
é necessário emergir
a consciência
porque só o que posso inventar
entre os cílios desse teu olhar
é um sonho que te possa embalar...