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Português


48


Amo o olhar que canta
enquanto espera para queimar
na deserta praça aberta aos ventos.
Olhar embriagado
que fala de amor
e dorme acariciando meus sonhos.
Olhar que ama
como se ama as coisas impossíveis.
Que me fala
através do atlântico abismo
gritando no ar sem tons
esta ausência de água e palavras.
Amo
o vinho que bebes com gosto,
teus pés descalços andando pela casa
enquanto embalam o canto dos pássaros
sobre os ramos do eterno.
Amo te amar com loucura
como em provocação a Deus.
Amo
as pequenas sombras de montanha
e a luz que ocupa todo meu céu
frágil, interno
como um sol que queima dentro
antes de invadir nossa intimidade
através da fresta da parede improvisada.
Amo
quando me vens na noite desnudando estrelas,
obstinado, desenhando no corpo
o movimento do amor.
Assim como um raio que cresce
e se faz imenso
e me aperta seio/ coração
e me ama
inquieto
entre batidas de asas e desafios.
Amo este reino, sonho, homem.
Mão que me mantém curvada
da inocência ao grito de vida.
Do abraço ao fogo
enquanto a lua sobe, sobe, sobe....

50


Conheci uma outra mulher
que me habita,
feita de reinos e fogo,
desebsoc5 insensatos e vôos sublimes.
Uma mulher assim
em pontualidade com a vida
com as horas
com a luz que se fecha
sobre o bosque interno
impregnando em cada palavra
um pouco de poros e odores,
gritos que colorem o êxtase.
Uma mulher assim
com alguma coisa esquisita dentro
e sempre obstinada com céus estranhos,
com uma grande intimidade
com a terra
e com a umidade interna
que abriga as almas
que criam carne e coragem.
Existe alguma coisa
fluindo nesta mulher que me habita:
ela sente prazer no vento
na extremidade das veias
no ponto fixo que faz festa
quando convida as fadas
para colocarem ordem
no que se esparramou dentro.
Uma mulher assim
tua
que absorve a paisagem
e joga
com essa tua falsa inocência
que parece querer confundir a sombra
com o beijo.
Ela tem um jeito absurdo
de entender as coisas
de sentir o odor das mãos
das estações e da solidão
do silencio em eterna vigília.
Te observa
de longe.
E te sente
silenciosa e grande
cheia de olhos
coração e palpitações.
( pela palavra, que penetra e ilumina)