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Português

42

Não sei onde é o porto.
Nem onde é um ponto seguro.
Porque hoje
até a água está viva,
incendiada pelo calor
das almas desesperadas.
Agora há pouco
me sentia como um pássaro
asas cortadas
sem ninho
e sem canto.
Nada para esconder o desengano.
A água está viva
e as ondam parecem o povo
que cai morto
debaixo do brilho de mil idéias.
E as idéias são pedras
escondidas do sol
que trabalham, rolam,
se partem e choram
desejando misericórdia
ou pouso.
Mas os corações nus do povo
se cobrem de loucura
e se unem
como sombra à sombra.
como eu sem ti
ou tu sem mim,
e não consigo ver
no escuro.
Estou incluída nos muros
e ainda que te ouça
eu, de mim,
estou ausente.
A água está viva
e teus olhos, espelhos.
Tuas mãos me tinham
coração e amor
mas tu abriu as mãos...
Estou aqui...


ETERNO-P.San Paolo-TV

Te conheci no barro de origem
no princípio do tudo
quando juntos aprendemos
do vento, do sol,
do mar e da renuncia.
Depois, por mil anos
viajamos
no desespero, na sombra
e na solidão dos continentes.
E nos alimentamos e respiramos
entre sonhos e rochas
e respiramos a luz
até o longo e silencioso inverno
penetrar no ar dos sonhos
e em todas as noites
em que fomos
veia do mesmo sonho.
No tempo dos reinos sem força
deixamos morrer o coração
surpreso e inocente
com mil gritos no fundo
s olhos profundos
e assim aprendemos ainda
o nome da fruta
e da pomba da paz
e dos pássaros amarelos
e das flores solitárias e tímidas
que brotam nas pedras dos rios.
E permanecemos mudos
entre relógios e policiais
e máquinas de escrever
e palavras falsas
e pureza de sonhos suicidas.
E nos encontramos ali
através dos sonhos do tempo
no sabor das danças novas.
Mas não estamos salvos.
Porque cantamos mais uma vez
a mesma canção
de distancia e invisíveis mãos
de saudade que não espera
de esperanças arranhando as manhãs
de noites e noites juntos à dor solitária.